Dados do Trabalho
Título
LESAO TRAUMATICA EM VEIA CAVA INFERIOR POR FERIMENTO POR ARMA DE FOGO
Apresentação do Caso
Mulher, 25 anos, vítima de ferimento por arma de fogo em abdome, admitida em leito
reanimação hipocorada, com Saturação de O2 99% em cânula nasal a 4L, FC 124 bpm, PA
92x55 mmHg, ECG 15, pupilas isofotorreagentes, dor à palpação de hipocôndrio direito, com
ferimento de entrada em hipocôndrio esquerdo, sem orifício de saída. Foram realizadas as
medidas de reanimação simultânea com a avaliação: infundido 1000ml de soro fisiológico EV, 1
CHAD, analgesia, transamin, cefazolina e imunoglobulina antitetânica e encaminhamento ao
centro cirúrgico.
A paciente foi submetida a laparotomia exploradora, que identificou lesão transfixante em veia
cava inferior infrarrenal. Foi realizado rafia com prolene 4.0, com bom fluxo sanguíneo após.
Encontradas duas perfurações intestinais transfixantes a 20cm e 40cm do ângulo de Treitz,
necessitando de sutura com PDS 3.0. Não foi identificado o projétil em cavidade abdominal.
Durante a cirurgia, a paciente recebeu 3 CHADs, 1 plasma, 1 pool de plaquetas, além de
reposição volêmica com cristalóides, e manteve-se estável hemodinamicamente, sem
necessidade de droga vasoativa. O pós-operatório ocorreu em UTI, com prescrição de
enoxaparina 80mg 12/12h e analgesia. Na tomografia de controle foi evidenciado pequeno
hematoma retroperitoneal de 2,5-3cm no plano axial localizado na confluência ilíaco-caval e
projétil metálico de 2 cm localizado na região retroperitoneal, posterior à veia ilíaca comum
direita. Alta hospitalar 10 dias após o trauma com anticoagulação e acompanhamento
ambulatorial.
Discussão
A lesão vascular é a causa primária de morte no trauma abdominal (1) e acomete 10 a 20% de
todos os doentes submetidos à laparotomia por trauma penetrante (1,2,3). A taxa de
mortalidade varia de 30 a 60%, apesar da ressuscitação de emergência, transporte e
protocolos de trauma (4). A maioria das mortes ocorre devido à exsangüinação, sendo que
33% destes pacientes chegam em choque à emergência (4). Porém, atualmente há mais
pacientes que chegam com vida no hospital, devido aos avanços do cuidado pré-hospitalar (5).
As lesões de veia cava incorrem em mortalidade entre 10 e 40%, muitos desses pacientes
morrem antes de chegar ao hospital (6,7).
Conclusão
A lesão vascular é uma causa significativa de mortalidade no trauma abdominal e a rápida
estabilização hemodinâmica seguida por laparotomia exploradora é essencial para avaliação
precisa e melhor desfecho.
Referências
1. Costa, C. de A., Baptista-Silva, J. C. C., Rodrigues, L. M. E., Mendonça, F. L. P., Paiva,
T. S., & Burihan, E.. (2005). Traumatismos de veia cava inferior. Revista Do Colégio
Brasileiro De Cirurgiões, 32(5), 244–250. https://doi.org/10.1590/S0100-
69912005000500005
2. Feliciano DV, Burch JM, Graham JM. Abdominal vascular injury. In: Feliciano DV,
Moore EE, Mattox KL, editors. Trauma. Stanford: Appleton & Lange; 1999. p. 615-
33
3. Fagan J. Interactions among drugs, alcohol, and violence. Health Aff. 1993;
12(4):65-79.
4. JURKOVICH, G.J.; CARRICO, C.J. Trauma: Controle do Paciente com Lesão Aguda
in: SABISTON, D.C.; LYERLY, H.K. (Ed.). Sabiston: Tratado de Cirurgia. As Bases
Biológicas da Prática Cirúrgica Moderna. 15 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1999. Cap. 17. p. 279-319
5. PHELAN, H.; HUNT, J.P.; WANG, Y.Z. Retrohepatic vena cava and juxtahepatic
venous injuries. Southern Medical Journal, USA, v. 94, n. 7, p. 728-31, jul. 2001
6. SCHROCK, T; BLAISDELL, W.; MATHEWSON, C. Management of Blunt Trauma to the
Liver and Hepatic Veins Archives of surgery, San Francisco, v. 96, n. 5, p. 698-704,
1968.
7. TYBURSKI, J.G; WILSON, R.F.; DENTE, C; ET AL. Factors affecting mortality rates in
patients with abdominal vascular injuries. The journal of trauma: injury, infection
and critical care, USA, v. 50, n. 6, p. 1020-6, jun. 2001.
Área
Geral
Autores
Manuella Bernardo Ferreira, Victoria Gomes de Freitas, Guilherme Ribeiro Neto, Valéria Machado da Silva, Luiz Henrique Rezende Pacheco